<!-- Introdução ao uso de funções em C e em Python http://saw.atp.usp.br/mod/page/view.php?id= --> <meta http-equiv='Content-Type' content='text/html; charset=UTF-8'> <meta name='keywords' content='mac0122, material, professores, leonidas de oliveira brandao'> <link rel='stylesheet' type='text/css' href='css_img_js_conf/all.css'> <link rel='stylesheet' type='text/css' href='css_img_js_conf/line_introducao_programacao.css'> <script src="css_img_js_conf/defineLInE.js"></script> <!-- para referencias 'a documentos internos --> <div class="pagina"> <p class="secao">O que é uma função em linguagens de programação</p> <p> A ideia básica de uma função, implementada em alguma linguagem de programação, é <i>encapsular</i> um código que poderá ser invocado/chamado por qualquer outro trecho do programa. Seu significado e uso é muito parecido com o de funções matemáticas, ou seja, existe um nome, uma definição e posterior invocação à função. </p> <p> Explicitando o paralelo com a matemática, tomemos como exemplo a função trigométrica <i>cosseno(x)</i>: deve-se definir a função (declará-la, seguindo a sintaxe correta: <tt>definir cosseno (parametro_real x): ...devolve valor;</tt>), depois pode-se <i>invocá-la</i> com parâmetros efetivos, valores específicos, como: <tt>cosseno(0)</tt> ou <tt>cosseno(0.5)</tt>. <br/> <b>Para quem deseja saber mais</b>: Esta é uma função que é impossível de ser implementada de <b>modo exato</b> em um computador digital, entretanto é viável obter boas aproximações utilizando o conceito de <a href="#" onclick="trocaPagina('introducao_eficiencia_algoritmos.html#taylor')" title="ver explicaco sobre serie de Taylor e funcao cosseno"><i>série de Taylor</i></a>. Do ponto de vista prático, a série que aproxima a função <i>cosseno</i>, para valores de <tt>x</tt> próximo à origem é: <i>(1) cos(x) = 1 - x<sup>2</sup> /2! + x<sup>4</sup> /4! - x<sup>6</sup> /6! + x<sup>8</sup> /8! + ...</i> </p> <p> Note que o <i>lado direito</i> da equação (1) é a definição da função e ela está escrita em termos do <b>parâmetro formal</b> <i>x</i>. Ao "chamarmos" a função com <b>parâmetros efetivos</b>, é sobre o valor desses parâmetros que computamos o lado direito da expressão, por exemplo, computar <i>cos(0.1)</i> ou de <i>cos(1.1)</i>. </p> <a name="porque"> <p class="secao">Por que usar o conceito de função?</p> </a> <p> Assim, implementar códigos com objetivos específicos (como computar o <i>cosseno</i> de qualquer valor) apresentam três grandes vantagens: <ol> <li> Facilita o desenvolvimento (<i>desenvolvimento modular</i>): implementa-se uma <i>particular unidade</i>, um trecho menor, concentrando-se nele, até que ele esteja funcionando com alto grau de <i>confiabilidade</i>; </li> <li> Organização: o código fica melhor organizado e portanto mais fácil de manter; </li> <li> Reaproveitamento: sempre que precisar aplicar o código encapsulado em qualquer outro trecho de código (ou noutro código), pode-se utilizar aquele que já foi implementado e é <i>confiável</i>. </li> </ol> </p> <a name="aplicacao"> <p class="subsubsecao">Um exemplo de aplicação do conceito de função: conseguir deduzir algitmos complexos</p> </a> <!-- aplicando o princípio do <em>passo da indução finita</em> --> <p> Uma aplicação interessante das 3 vantagens acima citadas é possibilitar <b>quebrar</b> o problema, tentar perceber alguma estrutura do problema que permita quebrá-lo em tarefas menores (e mais simples!). Eesta abordagem é conhecida em Matemática como a técnica <b style="color:#0000aa;">dividir para conquistar</b>. <br/> Em atividades mais sofisticadas (geralmente aquelas envolvendo laços "duplos" ou mais - i.e., "laço dentro de laço") esta abordagem pode fazer a diferença entre conseguir deduzir um solução ou não conseguir.<br/> Um exemplo básico da abordagem: deduzir um <i style="color:#0000aa;">algoritmo para ordenar um vetor</i> com <em>N</em> valores. <ol type="A"> <li value=””>Podemos imaginar um laço percorrendo as <em>N</em> posições do vetor <em>V[]</em>, sequencialmente desde <em>V[0]</em> até <em>V[N-2]</em>: <ol type="a"> <li value=””>Para cada posição <em>i</em> supor existir uma função que encontra e devolve o índice <em>ind_min</em> do menor valor entre <em>V[i]</em> e <em>V[N-1]</em>; </li> <li value=””>Como isso foi feito sucessivamente desde a posição <em>i=0</em>, então (por indução), temos neste momento: <em>V[0]<u><</u>V[1]<u><</u> ... V[i-1]<u><</u> V[ind_min]<u><</u></em> e <em>V[ind_min]<u><</u>V[k]</em> para todo <em>k=i, i+1, ..., N-1</em> (supondo que a função acima funcionou).<br/> Portanto, basta trocar o elemento atual da posição <em>i</em> com aquele da posição <em>ind_min</em> (que tem o menor dentre <em>V[i]</em>, <em>V[i+1]</em>, ..., <em>V[N-1]</em>.<br/> Deste modo estendemos a ordenação: <em>V[0]<u><</u>V[1]<u><</u> ... V[i-1]<u><</u> V[i]<u><</u></em>. </li> </ol> </li> </ol> Uma vez que o problema foi <b>quebrado</b> e uma parte importante dele resolvida, deve-se tentar resolver a parte que falta, o parte "a". Então pode-se tentar resolver a parte "a", deduzindo um algoritmo que encontre o índice do menor valor (<em>V[i]</em> e <em>V[N-1]</em>). Uma vez resolvida também esta parte, este código pode ser incorporado adequadamente ao item "a" para finalmente <b>conquistarmos</b> a solução completa. </p> <p> Note que, em termos práticos, o algoritmo da parte "a" pode ser implementado como função, mas também pode-se implementá-lo diretamente no código (sem função, porém neste caso resultará em um código ficará "menos organizado"). <br/> Experimente! </p> <p class="secao">Introdução ao uso de funções em <i>C</i> e em <i>Python</i></p> <p> Assim, agrupar trechos com objetivos específicos e implementá-los na forma de uma <i>função</i> que ajuda bastante o desenvolvimento e a organização dos códigos em programação. </p> <p> Do ponto de vista prático, a estrutura básica de uma função em uma linguagem de programação está representada abaixo, com a <i>declaração da função</i> e sua <i>lista de parâmetros formais</i>, seguido de sua invocação (quando providenciamos os <i>parâmetro efetivos</i>). <table> <tr valign="top"><td>Declaração:</td> <td> <tt>[enventual tipo de retorno] nome_da_funcao (lista_parametros_formais)<br/> comando1<br/> ...<br/> comandoN<br/> return EXP <cyan>//# devolve o valor em EXP para quem chamou a funcao</cyan></tt></td></tr> <tr valign="top"><td>Uso:</td><td> <tt>var = nome_da_funcao(lista_parametros_efetivos)</tt></td></tr> </table> </p> <p> Atenção ao <b><tt>return</tt></b>, este é um comando especial, se ele for alcançado (e.g., ele pode estar subordinado a um comando de seleção <tt>if</tt>) então a execução da função é <b>interrompida</b>, retornando-se ao ponto imediatamente após o ponto de chamada da função. No caso do comando ter uma expressão qualquer, como indicado no exemplo <tt>return EXP</tt>, o valor de <tt>EXP</tt> é devolvido ao ponto de chamada, neste caso a chamada deve estar dentro de uma expressão (lógica ou artimética de acordo com o tipo de <tt>EXP</tt>) ou ser o lado direito de uma <i>atribuição</i>. Este último é o caso ilustrado na figura 1. </p> <p> A <i>lista de parâmetros</i> pode conter vários nomes de variáveis, geralmente, separadas por vírgula. Por exemplo, se houver necessidade de uma função que realiza vários cálculos com três variáveis pode-se usar como declaração da função algo como: <tt>nome_da_funcao (var1, var2, var3)</tt>. </p> <p class="subsubsecao">Parâmetros formais e efetivos</p> <p> De modo geral, a diferença entre os <i> parâmetros formais</i> e <i>efetivos</i> é que o primeiro corresponde ao nome da variável utilizada dentro da função, enquanto o segundo é o nome da variável que será usado para iniciar o parâmetro formal ao iniciar a execução da função. </p> <p> Assim durante a execução, ao encontrar uma chamada à função <tt>nome_da_funcao</tt>, o fluxo de execução segue a partir do código da função. Mas antes de executar a primeira linha de código da função, os valores dos <i>parâmetros efetivos</i> servem para inicializar os parâmetros formais (que são também variáveis locais à função). Após esta inicialização, inicia-se a execução do código da função e geralmente ao final, encontra-se um comando do tipo "retorne devolvendo um valor" (<i>return</i>). </p> <p class="subsubsecao">Ilustrando a execução de um trecho de programa com 3 chamadas à mesma função</p> <p> Suponhamos que precisemos computar o valor da combinação de <i>N</i> tomado <i>k</i> a <i>k</i>, ou seja, C(N,k) = N! / ( k! (N-k)!). Para isso percebe-se que é necessário implementar o cômputo de fatorial que será utilizado 3 vezes. Para facilitar a compreensão, podemos escrever um código com 3 variáveis auxiliares para armazenar, respectivamente, <i>N!</i>, <i>k!</i> e <i>(N-k)!</i>. <p> <center> <p> <img src="img/exemplo_exec_funcao.jpg" title="exemplo de execucao da funcao"/> <br/> <i>Fig. 1. Ilustração do fluxo de execução ao <b>invocar</b> uma função para computar o <b>fatorial</b> de um natural.</i> </p> </center> <p> Na figura acima ilustra a execução do código para computar <i>C(N,k)</i>, com o retângulo à esquerda contendo o código que invoca a função <i>fat</i> e à direita a função <i>fat</i>. Para entender o fluxo de execução destaremos a execução da linha 2, <tt>b = fat(k);</tt>. Como <tt>b = fat(k);</tt> é uma atribuição, primeiro computa-se o valor do <i>lado direito</i> da atribuição e só depois atribui-se à variável do <i>lado esquerdo</i> da atribuição o seu valor, ou seja,<br/> 1. primeiro executa-se o cômputo de <tt>fat(k)</tt>, para isso<br/> 2. pega-se o valor do <i>parâmetro efetivo</i> <tt>k</tt> e usa-o para iniciar o <i>parâmetro formal</i> <tt>n</tt> da função<br/> 3. então inicia-se a execução da função <tt>fat</tt><br/> 4. ao final da função <tt>fat</tt>, pega-se o valor da variável local <tt>ft</tt> e <br/> 5. atribui-se este valor para a variável <tt>b</tt><br/> 6. então segue-se execução da próxima linha (3).<br/> Vale notar que a execução da atribuição <tt>c = fat(N-k);</tt> seguirá um fluxo análogo aos 6 passos acima. </p> <p> Uma vez entendido como é executado uma chamada á função, podemos novamente comparar com o conceito usual de função matemática. Existe a declaração da função, com seu parâmetro formal <pre> fat : IN -> IN (nome 'fat', com domínio e imagem nos naturais) fat(n) = { 1, se n=0, n x fat(n-1), se n>0 }</pre> E existe o uso da função, como em <pre> C(N,k) = fat(N) / (fat(k) x fat(N-k)</pre> </p> <p class="subsubsecao">Exemplo concreto em <i>C</i> e em <i>Python</i></p> <p> Para ilustrar o uso e sintaxe de funções em <i>C</i> e em <i>Python</i>, examinemos um exemplo em que implementamos uma função para cômputo do fatorial de um natural <i>n</i>, que será o nome de seu único parâmetro formal. </p> <center><table class="tableCd"> <tr><td></td><td bgcolor="8aaada"><i>C</i> <td bgcolor="8aaada"><i>Python</i></td></tr> <tr><td><table class=""><tr class="trCd" valign="top"><td><pre> 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11</pre></td></tr></table></td> <td><table class=""><tr class="trCd" valign="top"><td><pre><verm>int</verm> fat (<verm>int</verm> n) { <cyan>// define funcao com 1 parametro</cyan> <verm>int</verm> ft = 1; <verm>int</verm> i=1; <azul>while</azul> (i < n) { i = i + 1; ft = ft * i; } return ft; } <cyan>// chave indica final da funcao 'fat(...)'</cyan> ... <cyan>// supondo existir neste contexto variaveis: N e k</cyan> <verd>printf</verd>("Combinacao = %f\n", fat(N) / (fat(k) * fat(N-k));</pre></td></tr></table></td> <td><table class=""><tr class="trCd" valign="top"><td><pre><verm>def</verm> fat (<verm>int</verm> n) : <cyan># define funcao com 1 parametro</cyan> ft = 1; <verm>int</verm> i=1 <azul>while</azul> (i < n) { i = i + 1; ft = ft * i; return ft; <cyan># Final da funcao 'fat(...)' - em Python,</cyan> <cyan># basta a indentacao da proxima linha ser recuada</cyan> ... <cyan># supondo existir neste contexto variaveis: N e k</cyan> <verd>print</verd>("Combinacao = ", fat(N) / (fat(k) * fat(N-k)) </pre></td></tr></table></td></tr> </table></center> <p class="subsubsecao">Variáveis locais</p> <p> Note na linha 2 do código acima que são declaradas duas novas variáveis, <i>ft</i> e <i>i</i>, dentro da fução <i>fat</i>. Isso significa que as variáveis <i>ft</i> e <i>i</i> são <b>variáveis locais</b> à função, ou seja, pode-se utilizar variáveis com os mesmos nomes em outras funções sendo que elas não terão qualquer relação. Em particular, na 11 do código em <i>C</i> ou na 9 do código em <i>Python</i>, poderia-se usar uma variável com nome <i>n</i>, <i>ft</i> ou <i>i</i> e ainda assim, está variável não teria qualquer relação com as correspondentes da função <i>fat</i>. </p> <p class="subsubsecao">Para que serve função?</p> <p> A partir do exemplo acima, para cômputo de <i>C(n,k) = n! / (k! (n-k)!)</i>, imagine como seria o código para computar a combinção se a linguagem de programação NÂO dispusesse do conceito de funções: em resumo, precisariamos repetir as linhas 2 a 5 (ou 6), que computam fatorial, três vezes. Portanto, o uso de função simplifica o código. </p> <p> Mas existe uma outra razão para usar funções, que não tão óbvia, a maior facilidade para escrever um programa. E isso se deve à vários fatores, mas principalmente à quebra de um problema maior em vários menores. Isso facilita o desenvolvimento e reduz a incidência de erros de programação. </p> <p> Por exemplo, pode-se implementar a função separadamente, testando-a até que ela fique pronta e sem erros. Assim, o código fica mais fácil de ser entendido, pois ao usar a função pode-se abstrair, o trecho fica curto (apenas a chamada à função) e pode-se concentrar em saber se o restante do código está correto. </p> <p class="autoria"> <a href="https://www.ime.usp.br/~leo" target="_blank" title="seguir para a pagina do prof. Leônidas">Leônidas de Oliveira Brandão</a><br/> <a href="http://www.ime.usp.br/~leo" target="_blank" title="seguir para a página do LInE">http://line.ime.usp.br</a> </p> <p class="rodape"> <b>Alterações</b>:<br/> 2020/08/15: novo formato, pequenas revisões<br/> 2020/08/09: Sábado, 09 de Agosto 2020, 14:00<br/> 2020/04/13: Segunda, 13 Abril 2020, 12:30 </p> </div>